O motivo do Carnaval é enigmático e sobre ele subsistem matizadas versões. Terá aparecido na Europa e se vulgarizado pelo planeta conduzido por gregos e romanos e, posteriormente, pelos colonos portugueses, espanhóis, franceses e holandeses para territórios e continentes onde dissemelhantes plebes o moldaram às suas inerentes culturas sociais e vivências. Não se pode certificar, igualmente, com segurança qual é a origem do vocábulo, mas existem duas versões quanto à sua acepção.
A primeira afiança que a palavra Carnaval vem de carrus navalis, os carros navais com gigantescas pipas de vinho que durante as Bacanais, festins em honra a Baco (Deus dos ciclos vivificantes, do júbilo e do vinho, popular entre os gregos como Dionísio), eram concedidos aos habitantes Romanos.
À segunda versão é adjudicada procedência religiosa, com interpretação antagónica à diversão, ao divertimento e à malícia a que associamos o Carnaval contemporâneo. Segundo este traslado, o termo "Carnaval" teve origem no latim carnevale, designando "suspensão da carne".
O Papa Gregório I, detentor do cognome o Grande, transferiu em 590 d.C. o princípio da Quaresma para a quarta-feira anterior ao sexto domingo que antecede a Páscoa. Ao sétimo domingo, denominado de "quinquagésima", deu o título de dominica ad carne levandas, enunciação que foi gradualmente resumida para carne levandas; carne levale; carne levamen; carneval; carnaval, todas mutáveis de dialectos italianos que designam a acção de livrar, embargar, logo de "retirar a carne" da alimentação do ser humano.
Em verdade vos digo que segundo a religião católica o Carnaval é ostentado como a designação do período anterior à privação de carne por 40 dias.
Os cristãos inauguravam o festejo do Carnaval na quadra de ano novo e festa de Reis, redobrando-a no período que se antepunha ao derradeiro dia em que os cristãos comiam carne antes da Quaresma, que prepara os fiéis para a Páscoa.
Os cristãos inauguravam o festejo do Carnaval na quadra de ano novo e festa de Reis, redobrando-a no período que se antepunha ao derradeiro dia em que os cristãos comiam carne antes da Quaresma, que prepara os fiéis para a Páscoa.
Durante a Quaresma havia, também, privação de sexo e entretenimentos como o circo, o teatro ou as festas, alongando o sentido da suspensão da carne aos prazeres considerados carnais. Logo, todos tratavam de usufruir supremamente até ao último dia, que ficou sabido como "terça-feira gorda".
O Carnaval finda com a penitência na Quarta-feira de Cinzas, que dá início à expurgação do corpo e da alma pelo dilatado jejum de quarenta dias, reedificando desse modo a ordem fendida pela libertinagem do festejo.
Após uma fatigante e morosa investigação, conclui com rigor que na verdade as celebrações carnavalescas são mais clássicas do que a religião cristã e avolumam numerosos símbolos e significados ao longo da história dos povos. Há referências a festas análogas praticadas por matizados povos agrários, como entre os egípcios (festa em louvor à deusa Ísis e ao boi Ápis), entre hebreus, entre babilónios (festa das Sáceas, que durava cinco dias nos quais reinavam a licença sexual e a inversão dos papéis entre senhores e servos) e entre os antigos germânicos (festa oferecida à deusa Herta). Durante essas festas, homens e mulheres comemoravam o desfecho do clima nefasto do Inverno – que aniquilava o plantio, repelia a caça e os aprisionava aos abrigos – e o começo do tempo benigno, com a volta da quentura do sol, a vinda da primavera, das flores e da opulência do solo, cantarolando e bailando para expor o seu contentamento e espantar as contraproducentes energias do gélido frio e da cavernosa opacidade que molestavam o plantio.
"A alegria não está nas coisas: está em nós."
(Goethe)
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