28 November, 2006

Sempre ALERTA para servir

No próximo dia 7 de Dezembro o Agrupamento 1219 de São Mateus perfaz 4 anos de existência. Sendo o mais novinho do Núcleo do Pico, este grupo, pertencente ao Corpo Nacional de Escutas (Escutismo Católico Português), tem vindo a crescer aos poucos, sob a orientação do seu Chefe, Carlos Alberto da Silva.
Com o objectivo de formar bons cidadãos, pretendemos de alguma forma incutir nos nossos escuteiros o sentido da responsabilidade, o amor ao próximo e o amor a Deus e contribuir para a formação da sua personalidade, criatividade e saúde.
“Ajudar os jovens a desenvolver conhecimentos, competências práticas e atitudes que lhes permitem viver uma vida gratificante" são os lemas do escutismo que visa essencialmente a vida ao ar livre, incutindo neles o respeito pela natureza e tudo quanto nos rodeia.
Este agrupamento nasceu com 30 elementos distribuídos por duas secções, Lobitos e Exploradores, bem como 8 Dirigentes. Ao longo destes 4 anos, temos recebido alegremente muitos elementos e perdemos com tristeza alguns. Neste momento temos cerca de 50 efectivos e as quatro secções em pleno funcionamento.
Na nossa curta vivência temos participado em diversas actividades de núcleo e regionais. No verão de 2003, os nossos escuteiros integraram-se no ACARAL e ACANUC que se realizou em Santa Luzia. Em 2004 deslocamos a São Miguel cerca de 32 elementos que durante uma semana contactaram com a realidade local da Ilha Verde. Em 2005 o nosso agrupamento participou no XI JAMBOREE Açoriano que decorreu na Ilha Terceira. No Verão passado alguns dos nossos Caminheiros participaram no ROVER na Ilha das Flores. Para além destas grandes actividades, temos participado em diversas actividades de núcleo onde se reúnem escuteiros dos diversos agrupamentos da Ilha.
Para que a nossa presença nas actividades seja possível contamos com o apoio dos Pais, Câmara Municipal da Madalena, Junta de Freguesia de São Mateus, Paróquia de São Mateus, Direcção Regional da Juventude, Emprego e Formação Profissional através dos seus programas de PIAJ e MOBILIDADE, bem como pequenas actividades realizadas pelos próprios escuteiros como sorteios de cabazes e a Festa de Santo António junto ao campo de futebol.
É com grande reconhecimento que agradecemos o apoio manifestado por alguns elementos desta freguesia que, quando solicitados, mostram o seu interesse incondicional e nos prestam auxílio de uma ou outra forma, permitindo o nosso progresso e contribuindo para a formação pessoal e social dos nossos jovens escutas.
A todos os habitantes de São Mateus, uma boa “caçada”.
Sempre ALERTA para servir.

A Chefe Adjunta do 1219
Bernice Goulart



“De nada serve estar parado; não há alternativa: é o progresso ou a inércia. Avancemos com um sorriso no rosto.” (Baden Powell)

O Meu País Inventado


Está um dia bastante arrefecido, contudo, é natural pois estamos em pleno Inverno, apesar de não parecer, já que ultimamente o Sol nos tem inebriado com os seus amplos raios de transparente luminosidade.
Nestes dias de frio excessivo, sair de casa torna-se num feito atroz e numa opção deveras ousada. Pelo menos para aquelas afortunadas mulheres que, como eu, se defrontam com o término da gestação.
Sendo assim, e como sou uma pessoa de moderado, ou nulo, espírito de aventura, reservo os meus dias à lida da casa e aos livros (camaradas de longa data).
Presentemente encontro-me a descortinar “O Meu País Inventado” da brilhante escritora chilena Isabel Allende (a minha escritora preferida). No meio de incontáveis vocábulos e de inúmeras linhas, de escrita peculiar e modelar, perco-me nas minhas mais penetrantes e enérgicas imaginações.
Não seria bom se todos nós pudéssemos habitar num país inventado? Num país em que as leis e os hábitos fossem engendrados por nós, em vez de coordenarmos os nossos comportamentos conforme as leis que os outros nos impingem.
Francamente julgo que seria extraordinário.
Fantasio em um dia, quiçá não daqui a muitos anos, viver num país em que não haja qualquer espécime de distinção: social, educacional, sexual, racial, …
Venerados e perpétuos leitores podemos, fortuitamente, dizer que vivemos num país democraticamente emancipado, porém, essa tese não é de todo real, até porque actualmente não é politicamente correcto opinarmos sobre sortidos temas do nosso dia-a-dia.
Será que somos efectivamente livres para edificarmos o que queremos e bem entendemos?
Creio que não, ainda que tenhamos liberdade de pensamento – essa ninguém nos pode tirar – jamais teremos liberdade de expressão (verbal) e de acção (corporal).
Em verdade vos digo que poderia comprovar subjectivamente o que acima rabisquei, sem eufemismos, metáforas ou hipérboles, todavia, não o vou fazer porque sei que todos os meus estimados semelhantes se deparam, quotidianamente, com essa fictícia realidade efectiva a que alguns chamam de liberdade.

E que assim seja!

22 November, 2006

No Crescer dos Dias


"Falavam de milhafres e gaivotas
E de cracas e portos sem abrigo...
Mas eu findei-me por finadas rotas
E no espelho das horas só comigo.

Milhafre embalsamado não sei quando,
Gaivotas nem sequer no mar sepultas,
Cracas esvaziadas gotejando
Fel no porto das minhas mãos adultas.

Onde estais? De que fostes? Quem vos disse
Substância de algum modo acreditável?
Eu fiz viagem por fatal crendice.
Eu navego na imagem inviável."

José Martins Garcia, In. No Crescer dos Dias

21 November, 2006

São Mateus 2005 - 1º Aniversário

Iniciei este Blog no dia 21 de Novembro de 2005. A experiência dura há um ano, com altos e baixos como em tudo na vida. Todavia, tem sido muito agradável compartilhar convosco uma parte de mim que julgava esquecida há muito.

Neste percurso encontrei e fiz amigos, uns mais amigos que outros, mas a todos respeito e de todos guardo as melhores lembranças.

Muito tenho aprendido e muito tenho ainda para aprender.

A todos aqueles que visitam este meu espaço, dedicado à freguesia de São Mateus, ( ao longo deste ano foram cerca de 10 726 visitantes) o meu agradecimento pela gentileza dispensada.

Vou continuar a dedicar especial atenção à povoação de São Mateus, aos seus problemas e eventos. É uma tentativa de melhor dar a conhecer a todos este pedaço de Portugal tão esquecido e abandonado.

Bem, agora vou festejar o 1º Aniversário do " Blog São Mateus 2005" erguendo uma taça à saúde de todas as pessoas que compartilham comigo este espaço.

Muito Obrigado e Bem Hajam !

18 November, 2006

Prendas de Natal!


O Joãozinho resolve pedir uma bicicleta à mãe.
A mãe decide que esta é uma boa oportunidade para que ele tomasse consciência das suas atitudes e disse-lhe:
- Joãozinho ainda não é Natal. E não temos dinheiro para te dar tudo o que queres. O melhor é escreveres uma carta ao Jesus e rezares muito para ele te dar uma bicicleta.
O Joãozinho começa a escrever a carta:
"Querido Jesus: Tenho sido um menino bem comportado este ano e quero uma bicicleta nova. Sinceramente, Joãozinho."
Mas ele sabia que fazia muitas asneiras e que não merecia nada.
Passeava cabisbaixo pela rua quando passou por uma igreja. Joãozinho entrou, ajoelhou-se e meditou no que fazer. Finalmente, resolve sair. Olha para as estátuas...
Pega numa santa pequenina e sai a correr.
Chega a casa, esconde a Santa debaixo da cama, e começa a escrever a carta:
"Jesus:Tenho a tua mãe. Se quiseres vê-la, dá-me uma bicicleta! Ass: Tu sabes quem."

17 November, 2006

Manuel Pereira Furtado no Confessionário


Entrevista a Manuel Furtado, Presidente do Clube Boavista de São Mateus


Blog São Mateus – Sabe-se que é um adepto incondicional do Boavista. Quando nasceu esta ideia de avançar para a direcção do Clube?
Manuel Furtado:
Como é do conhecimento geral fiz parte dos Corpos Sociais do Clube Boavista de São Mateus na década de 80. Quando terminei o mandato pensei que tinha dado o meu contributo, e como tal não pensava voltar. Recentemente fui insistentemente convidado para me candidatar, dada a inexistência de pessoas motivadas para assumir a liderança do Clube. Após um mês de reflexão, conversas, troca de impressões e análises, acabei por aceitar.

Blog São Mateus – Foi fácil tomar essa decisão?
Manuel Furtado:
Foi difícil, e embora não me considere em situação de conflito interno, creio que, dada a minha vida profissional e a escassez de tempo para me dedicar, como pretendia, ao Clube, ainda não sei se terei optado pela melhor opção, dada a situação que vive o Boavista.

Blog São Mateus – Que projectos idealiza para o Boavista?
Manuel Furtado:
Fundamentalmente devolver o Boavista ao bom ambiente que possuiu e dignificá-lo, quer localmente quer além fronteiras, especialmente tendo em atenção a ilha do Pico. Os projectos de estabilização, engrandecimento do Clube e revitalização, passam por um conjunto de vontades, onde a envolvência de todos seja notória. O Clube não é propriedade dos seus dirigentes. Pertence à freguesia, porventura à ilha do Pico e integra-se num contexto regional.

Blog São Mateus – O início de época da equipa está dentro das suas expectativas?
Manuel Furtado:
No escalão sénior sim. O grupo de trabalho é excelente, e apesar das vicissitudes que sofreu e que são sempre geradoras de conflitos e atritos, a camaradagem, a amizade e a perfeita ligação com o Treinador e responsáveis, tem garantido que o ambiente de balneário seja o melhor possível, conduzindo a que os resultados tenham surgido.
Quanto aos escalões de Formação não poderemos dizer o mesmo, mas onde ressalta apenas como ponto negativo a falta de massa humana. É uma idade onde a juventude é facilmente seduzida por nomes sonantes de outros clubes e o Boavista tem sentido muita dificuldade no recrutamento de jogadores. No entanto o xadrez vai-se compondo, e espero que a curto prazo tudo esteja bem.

Blog São Mateus – Quais são os motivos pelos quais o Boavista não realiza os seus jogos no seu campo?
Manuel Furtado:
Como é conhecido, a colocação do sintético em São Mateus foi adjudicada em meados de 2005 à Firma Cruz Leal, que até agora não iniciou as obras. Não tem sido fácil encontrar uma resposta transparente para esta situação, que quanto a nós está já à margem da lei, face ao tempo que decorreu desde o concurso, e enquanto não houver solução, não será possível voltar a utilizar o campo.
Pretendemos no entanto, que rapidamente seja assumida a resposta correcta, pois caso não surja, com os inconvenientes que isso causa, vamos ter de voltar a usar o pelado de São Mateus.

Blog São Mateus – Contudo, a implantação de um relvado sintético no nosso estádio foi uma das principais promessas eleitorais, dos autarcas da Câmara Municipal da Madalena, que há muito deveria ter sido iniciada.
Manuel Furtado:
Creio que a resposta foi dada na pergunta anterior. Para nós, entendemos ser a dificuldade no financiamento da obra, pois outra situação não surge como realista no actual contexto, mas naturalmente que o adiar do início da obra, pode ser portadora de outras razões que nunca tenham sido devidamente clarificadas como seria nosso desejo.
É necessário não esquecer, que as campanhas eleitorais, terminam na ante véspera das eleições, e a partir de então nem tudo o que foi dito tem a consistência com o que inicialmente foi assumido.

Blog São Mateus – Outrora o Boavista foi um clube virado para várias modalidades (Hóquei, Corridas em Patins, …). Haverá alguma hipótese do nosso clube voltar a ter essas modalidades?
Manuel Furtado:
Ainda mantemos o Atletismo, havendo uma equipa que representa o Boavista permanentemente a nível País, e se encontra sedeada fora do Pico. As restantes modalidades, só podem voltar a revitalizar-se, caso o Clube crie uma dinâmica e uma estabilidade que a isso possibilite.

Blog São Mateus – O que se perspectiva agora como o seu maior desafio?
Manuel Furtado:
Estabilizar o Clube financeiramente, dignificar as instalações, através dos compromissos assumidos, proceder a alterações estatuárias que possibilitem o acesso à gestão do Clube por mais pessoas motivadas, e mantendo a actual estrutura humana, bem como os Grupos de Trabalho, que muito me honram, deixar que o sonho e a esperança nos conduzam com serenidade aos patamares a que o Boavista tem direito e possibilidade de acesso.

Blog São Mateus – Que mensagem quer deixar aos sócios e adeptos boavisteiros?
Manuel Furtado:
Que sintam o Clube presente como elemento da própria família. Sem eles, nada é possível. Será com a dádiva de todos, a sua partilha no tempo e no diálogo, especialmente participando nas decisões, com o seu esforço, empenhamento e sacrifício de uma presença contínua, que o Boavista deixará de ser um símbolo onde apenas o nome e as lições do passado marcam presença. Há que visionar o futuro dando ao Boavista o que desejaríamos que o futuro trouxesse para nós próprios: A certeza duma existência digna e repleta de reconhecimento pelos nossos adversários.

14 November, 2006

Quando a Realidade ultrapassa a Ficção!


Todos os dias, a formiga chegava cedo ao escritório e pegava duro no trabalho. Era produtiva e feliz.

O gerente Leão estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada.

E contratou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, para supervisionar a formiga.

A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga. Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefónicas.

O Leão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões.

A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida.

Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a queixar-se de toda aquela agitação de papéis e reuniões!

O Leão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, laborava. O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar uma carpete avermelhada no seu escritório e comprar uma cadeira especial.

A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias, e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia ficava mais enfadada.

A cigarra, então, convenceu o gerente Leão, que era preciso fazer um estudo do ambiente vivido dentro do escritório.

Mas, o Leão, ao rever as cifras, deu-se conta de que o departamento no qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, para que fizesse um diagnóstico da situação.

A coruja permaneceu três meses nos escritórios e, finalmente, emitiu um volumoso relatório que concluía: "há muita gente neste escritório".

E adivinhem quem o Leão mandou despedir?

A formiga, claro, porque ela andava excessivamente desmotivada e aborrecida.

08 November, 2006

Ser Português é ...

  • Levar arroz de frango para a praia.
  • Guardar aquelas cuecas velhas para polir o carro.
  • Ter tido a última grande vitória militar em 1385.
  • Guiar como um maníaco e ninguém se importar com isso.
  • Levar a vida mais relaxada da Europa, mesmo sendo os últimos de todas as listas.
  • Ter sempre marisco, tabaco e álcool a preços de saldo.
  • Receber visitas e ir logo mostrar a casa toda.
  • Por os máximos para avisar os outros condutores da polícia adiante.
  • Ter o resto do mundo a pensar que Portugal é uma província espanhola.
  • Exigir que lhe chamem "Doutor" mesmo sendo um Zé Ninguém.
  • Passar o domingo no "shopping".
  • Tirar a cera dos ouvidos com a chave do carro ou com a tampa da esferográfica.
  • Axaxinar o Portuguex ao eskrever.
  • Gravar os "donos da bola".
  • Ter diariamente pelo menos 8 telenovelas brasileiras na TV.
  • Já ter "ido à bruxa".
  • Filhos baptizados e de catecismo na mão mas nunca por os pés na igreja.
  • Ir de carro para todo o lado, aconteça o que acontecer.
  • Ter evacuado as Amoreiras no 11 de Setembro 2001.
  • Viver mal, e dizer que o governo que temos é bom.
  • Graças a Deus, não ser espanhol.
  • Não ser racista, mas abrir uma excepção com os pretos e ciganos.
  • Levar com as piadas dos brasileiros, mas só saber fazer piadas dos alentejanos.
  • Ainda ter uma mãe ou avó que se veste de luto.
  • Viver em casa dos pais até aos 30.
  • Acender o cigarro a qualquer hora e em qualquer lugar sem quaisquer preocupações.
  • Ter bigode e ser baixinho.
  • Conduzir sempre pela faixa da esquerda.
  • Ter três telemóveis.
  • Jurar não comprar azeite Espanhol nem morto, apesar da maioria do azeite vendido em Portugal ser Espanhol.
  • Deixar a telenovela a gravar.
  • Organizar jogos de futebol solteiros e casados.
  • Ir à bola, comprar "prá geral" e saltar "prá central".
  • Gastar uma fortuna no telemóvel mas pensar duas vezes antes de ir ao dentista.
  • Super-bock, tremoços e caracóis é marisco.
  • Cometer 3 infracções ao código da estrada em 5 segundos.
  • Graças a Deus, não ser brasileiro.
  • Algarve em Agosto.
  • Ir passear de carro ao domingo para a avenida principal.
  • Não conseguir fazer uma torrada na torradeira.
  • Dizer "portanto" no inicio de cada frase "prontos" no fim.

05 November, 2006

Generosidade


"Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota."


(Madre Teresa de Calcutá)

03 November, 2006

E que assim seja!


É vero que nós, criaturas de Deus, nos temos estupidificado.
Tornaram-se cada vez mais insólitos os comportamentos humanos ditados pela compreensão e pela querença; pela parte sentimental – a mais soberba – do nosso ser.
Procuramos atulhar a pança, procuramos o entretenimento, o conforto, o bem-estar, aquilo que é fácil. Não nos importam os sábios, os pensadores, os idealistas, os santos.
Não queremos ouvir falar em galgar montanhas – interiores ou exteriores a nós –, de audácia, de coragem, de angústia, de sofrimento.
Aventuras... só as que não tiverem sequelas, as que não comportarem um verdadeiro risco – o que impede que sejam efectivamente aventuras...
Somos, cada vez mais, um bocado de carne indolente estendida à “sombra da bananeira”.
Olho, na rua, para um bando de pessoas, e cada vez tenho mais a impressão de que somos um povo apático, um povo sem individualidades – um rebanho.
E, no entanto, esse rebanho segue um curso; acata indicações exactas, admitidas por todos. Mesmo as coisas mais disparatas e antagónicas à nossa essência, ao nosso bem, à nossa felicidade, são pacificamente aceites por todos.
E, deste modo, já temos desculpa para tratar as pessoas, principalmente os mais velhos (idosos), como se fossem objectos gastos: deitá-los para o lixo por já não terem utilidade, por serem um estorvo nas nossas vidas, quiçá por já terem ultrapassado o prazo de validade que deveria ser vitalício, todavia, não é.
Pois é caros amigos, já temos desculpa para tratar os idosos como se fossem ratos, como se fossem coisas. Já temos, à priori, a absolvição divina pelo seu despejo na Santa Casa da Misericórdia.
Não o dizemos desta maneira, contudo, é essa a realidade.
Arquitectamos mil razões, planeamos argumentos, pintamos vocábulos envelhecidos com outras cores,..., porém, não há forma de modificar a verdade das coisas. Nem tão-pouco perante nós mesmos, porque sabemos muito bem que não passamos de aldrabões e trafulhas, ainda que usemos palavras aveludadas.
Houve, no entanto, algo de que não nos lembrámos ao longo deste desgovernado caminho: é que ao “coisificarmos” outros seres humanos, nos “coisificamos” a nós próprios. Se virmos os outros como coisas, se deixarmos que essa mentalidade solidifique, nada impedirá que os outros tenham, igualmente, semelhante atitude em relação a nós.
Sendo assim, bem podemos ir para a rua gritar pelos nossos direitos... ninguém, jamais, nos ouvirá!
Se não tivermos utilidade para os outros, quem se preocupará com aquilo que somos ou com aquilo que fazemos?
Basta ouvirmos um noticiário, de um qualquer canal, para tomarmos conhecimento de que há cada vez mais criaturas na rua, em enormes ajuntamentos, a apregoar pelos seus direitos. Mas tenho a convicção de que a singular forma de conseguirmos que nos olhem como pessoas, consiste em olharmos como pessoas aqueles que já começaram a ser tratados como coisas; em ampararmos aqueles que ninguém quer à sua volta.
Em verdade vos digo que essa é a única solução. Respeitar a vida humana, independentemente de como ela se encontra materializada. O tema não concede prerrogativas. Se aceitarmos cotar os mais débeis dos humanos de acordo com normas de proveito e interesse, um dia alguém nos fará o mesmo.

E que assim seja!