Gostaria que chegasse a noite em que eu pudesse adormecer tranquila, sossegada e serena, sem indigestos pesadelos, sem maçadores pensamentos, em que eu pudesse só dormir, como confio que todas as pessoas neste universo o fazem.
A minha mágoa é imensa e profunda, sofro como se tivesse um punhal gigantesco e resplandecente embutido no coração, o meu padecimento é tão desmedido que, por vezes, nem consigo respirar, a minha dor é tão grande que nem dormir consigo.
Em verdade vos digo que vivo assim, nesta amargura descomunal, nesta melancolia e amofinação desmedida, há preguiçosos e extensíssimos dias.
Creio que por vezes existem perguntas às quais ninguém tem resposta, nem nós próprios.
Durante estes últimos dias, tenho-me colocado algumas perguntas, e por muito que necessite de saber as respostas, simplesmente não as encontro na minha cabeça, nem tão pouco no meu coração.
Iniciei este blog com o singular intento de demonstrar não só a minha capacidade de escrita, mas também porque sentia a necessidade de por cá para fora o que sinto cá dentro.
Tenho consciência que esse facto não foi, de todo, bem aceite por muitas pessoas. Devo confessar que perdi numerosos afeiçoados com a minha singela postura, presumivelmente esses amigos nunca o foram verdadeiramente, contudo isso é outra rubrica para prometidos temas.
Jamais tive o desígnio de me superiorizar aos meus semelhantes, até porque sempre tive a infinita crença de que nada do que faça ou possa advir a fazer é suficientemente bom.
Para alguns, esta minha reflexão pode ser uma inferiorização do foro anímico, mas para mim é, meramente, uma inferiorização educacional.
Pragmaticamente, todos os textos que rabisco são confissões, são prosas que os grandiosos amigos deveriam ter.
Embora nunca tenha reputado uma colossal relação de amizade, considero-me constantemente uma excelente amiga.
Quantas vezes fiz os meus amigos sorrir quando me almejava chorar?
Quantas vezes amparei os meus amigos quando era eu que carecia ser amparada?
Quantas vezes ajudei os meus amigos quando era eu que precisava de ajuda?
Quantas vezes proclamei palavras de ternura e benevolência aos meus amigos quando era eu que necessitava de as escutar?
Quantas vezes recordei os meus amigos quando era eu que carecia ser lembrada?
Quantas vezes abracei os meus amigos quando era eu que precisava de ser abraçada?
Quantas vezes estive presente nos pérfidos momentos dos meus amigos, e quando por eles passei, ninguém esteve do meu lado?
Todavia, jamais me arrependi de tudo o que fiz. Talvez isso é ser amigo!!! Arrependi-me, sim, em prodigiosas ocasiões, do que não fiz quando tinha a incumbência de ter feito.
Estimados leitores, existem individualidades que coabitam no nosso coração e que não merecem lá coabitar; pessoas que constantemente nos magoam; pessoas que não são meritórias do nosso amor, respeito e contemplação; pessoas que não querem que sejamos felizes pois, talvez, não o sabem ser; pessoas que não se envaidecem de nós e que acanham tudo o que fazemos.
Sintetizando e findando, também tenho, na minha vida, criaturas com esse desditoso e indigno carácter, e para esses seres nada do que eu faça é suficientemente bom.
E que assim seja!
“Cada lágrima nos ensina uma verdade.” (Ugo Fóscolo)