15 April, 2007

Quantos de nós seríamos capazes...?


Nos tempos de Jesus, o governo romano cobrava variados impostos sobre o povo palestino. Portagens para transportar mercadorias por terra ou por mar eram recolhidas por cobradores particulares, os quais pagavam uma taxa ao governo romano pelo direito de avaliar esses tributos. Esses cobradores auferiam lucros cobrando um imposto mais alto do que a lei consentia. Na maioria das vezes, os cobradores autorizados, agenciavam oficiais de categoria inferior, chamados de publicanos, para executarem o verdadeiro trabalho de cobrar. Os publicanos recebiam os seus inerentes salários colectando uma fracção a mais do que o seu patrão ordenava. O discípulo Mateus era um desses publicanos; ele cobrava a portagem na estrada entre Damasco e Aco; a sua tenda estava situada fora da cidade de Cafarnaum, dando-lhe a possibilidade de, similarmente, cobrar os impostos aos pescadores.
Usualmente um publicano cobrava 5% do preço da compra de artigos normais de comércio, e até 12,5% sobre artigos de sumptuosidade. Mateus cobrava impostos também dos pescadores que laboravam no mar da Galileia e dos barqueiros que traziam as suas mercadorias das cidades situadas no outro lado do lago.
Os judeus encaravam o dinheiro dos cobradores de impostos como sendo impuro, por isso jamais pediam troco. Se um judeu não fruía da quantia precisa que o cobrador exigia, pedia-o a um amigo. Os judeus desprezavam os publicanos porque estes trabalhavam para o odiado império romano e para o títere rei judeu. Não era permitido aos publicanos prestar depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo do seu dinheiro ao templo. “Um bom judeu não se associaria com publicanos” (Mt 9.10-13).
Os judeus dividiam os cobradores de impostos em duas classes. A primeira era a dos gabbai, que lançavam impostos gerais sobre a agricultura, e arrecadavam do povo impostos de recenseamento. O segundo grupo compunha-se dos mokhsa, que eram judeus, daí serem desprezados e considerados traidores pelo seu próprio povo. Mateus pertencia a esta classe.
O Evangelho de Mateus diz-nos que Jesus se aproximou deste improvável discípulo, quando este se encontrava sentado na sua colectoria e, simplesmente, ordenou-lhe: “Segue-me! E ele deixou o trabalho para seguir o Mestre” (Mt 9.9).
Evidentemente, Mateus era um homem rico, porque deu um banquete na sua própria casa. “E numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa” (Lc 5.29). O simples facto de Mateus ter casa própria indica que era mais abastado do que o publicano típico.
Devido à natureza do seu trabalho, Mateus sabia ler e escrever. Os documentos de papiro, relacionados com impostos, datados por volta de 100 d.C., declaram que os publicanos eram deveras eficientes em cálculo.
Mateus pode, eventualmente, ter tido algum grau de parentesco com o discípulo Tiago, visto que se diz de cada um deles ser “filho de Alfeu” (Mt 10.3; Mc 2.14). “Por vezes Lucas usa o nome Levi para reportar-se a Mateus” (Lc 5.27-29). Por isso alguns estudiosos crêem que o nome de Mateus era Levi, antes deste decidir seguir Jesus, e que Jesus lhe deu um novo nome, que significa “dádiva de Deus”. Outros sugerem que Mateus era membro da tribo sacerdotal de Levi.
De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido, provavelmente, o de maior influência. A literatura cristã do segundo século faz mais citações do Evangelho de Mateus do que de qualquer outro. Os pais da igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do Novo Testamento, provavelmente por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus acentua que Jesus era o Messias prometido, cumprindo as profecias do Antigo Testamento.
Não sei o que aconteceu com Mateus depois do dia de Pentecostes. Uma informação, fornecida por John Foxe (John Foxe (1517-1587), era um homem pobre na Inglaterra e amigo íntimo de Willian Tyndalle, o primeiro tradutor da Bíblia para o Inglês. Era devotado ao estudo da perseguição cristã ao longo da história. Foi executado pela rainha Elisabeth I), declara que ele passou os seus últimos anos ensinando a Palavra de Deus na Pártia e na Etiópia, e que foi martirizado na cidade Nadabá em 60 d.C. Todavia, não sei se esta informação é digna de confiança.
Em verdade vos digo que Mateus foi um grande homem. Um homem que deixou o seu trabalho e todos os seus bens para seguir Jesus, baseado, unicamente, na Sua promessa de um bem-aventurado mundo repleto de harmonia e paz. Quantos de nós seríamos capazes de abandonar os nossos trabalhos, os nossos bens e o nosso rico dinheirinho a pedido de alguém que nos fizesse a mesma promessa? Quantos de nós seríamos capazes de deixar as nossas opulências em abono da fé? Creio que poucos, até porque há quem diz que a fé move montanhas, porém, considero que actualmente o dinheiro move muitas mais.

E que assim seja!

2 comments:

Anonymous said...

AGORA DÁ-SE MAIS VALAOR AO DINHEIRO DO QUE ÁS PESSOAS. POR DINHEIRO AS PESSOAS FAZEM DE TUDO.
sANDRA GOSTEI DO QUE ESCREVES-TE.
SOBRINHA DE PEIXE SABE NADAR.

Anonymous said...
This comment has been removed by a blog administrator.