23 April, 2007

História da Vinha e do Vinho



Fotos: Sandra Lopes Amaral
"Não se pode definir com exactidão a origem da videira Vitis vinífera havendo, no entanto, indícios de que o seu aparecimento seja anterior ao do próprio homem. Quanto à sua origem contam-se várias lendas, como a que nos diz ter sido Noé o primeiro homem a plantar uma vinha, colher e esmagar as uvas e com o sumo obtido se ter embriagado.
No entanto, através de certas obras de arte encontradas no Médio-Oriente, onde estão representadas cenas ligadas ao vinho, sabemos que este já tinha um papel importante na vida dos povos no ano de 5000 a. C. (antes de Cristo). A vinha e o vinho foram conhecidos muito cedo no Egipto, existindo testemunhos históricos que representam uma cena de vindima e de pisa de uvas, por volta de 1370/1352 antes da nossa era.
Vestígios encontrados no túmulo do Faraó Egípcio Akenaton, que reinou no Egipto por essa altura, confirmam esses factos. Todavia, é no decorrer das civilizações Grega e Romana que a cultura da vinha se expandiu.
Para provar tal afirmação, basta lembrar que os Gregos lhe consagraram um Deus: Dionísius, que na mitologia Romana passou a designar-se por Bacus. Também Homero na Ilíada e na Odisseia se refere aos vinhos romanos.
A vinha chega ao território que mais tarde viria a ser Portugal, provavelmente, com os Tartécios, em 2000 a. C (antes de Cristo). Mas foram os romanos que expandiram a cultura da vinha, mais ou menos, por toda a bacia mediterrânica.
É de salientar o papel importante da Igreja Católica na difusão da vinha e na generalização do uso do vinho. A Igreja Católica consagrou o pão, mas também o vinho, passando este a fazer parte do ritual sagrado da missa. Com a necessidade de obterem o chamado vinho de missa, os monges tornaram-se os grandes impulsionadores e mestres da cultura da vinha e do fabrico do vinho.
Durante o domínio dos Mouros na Península Ibérica, a cultura da vinha e o fabrico do vinho foram imensamente prejudicados, visto que o Islão proíbe o consumo de álcool. No início da Nacionalidade já a produção e o comércio do vinho mereciam, por parte dos nossos monarcas, especial atenção que, de tempos a tempos, lhe concediam Forais e Cartas Régias. Os Reis D. Dinis e D. Fernando protegeram o comércio do vinho dos Judeus. Porém, foi com o Marquês de Pombal que, definitivamente, a vinha conquistou o seu grande estatuto entre nós. Foi sob as suas ordens que a região do Douro foi demarcada em 1756, tendo para tal sido criada a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, o que corresponde, na prática, à demarcação da primeira região vinícola do mundo. De referir ainda o incremento por ele dado às regiões de Bucelas e Colares.
Em 1864 surge em França a terrível doença mortal, Filoxera, que dizimou praticamente toda a vinha da Europa. Para combater tal doença, recorreu-se à importação de videiras americanas, cujas raízes não eram atacadas por esta doença. Todavia, ao solucionar este problema, criou-se um outro, dado que se atribui às videiras americanas a propagação do Míldio, doença que se tem mantido até os nossos dias e que origina custos elevados nos cuidados e protecção da vinha.
É impossível falar do vinho e do seu valor alimentar sem lembrar a célebre figura de Pasteur e os estudos por ele efectuados sobre o vinho e as suas descobertas.
Pasteur disse uma célebre frase: "O vinho é a mais sã e higiénica das bebidas."
A mais sã, pois num vinho normal não existem micróbios que nos causem doenças, o que não acontece, por exemplo, com a água. Uma bebida higiénica pois, tomada nas devidas proporções, contribui para a nossa saúde. Concorre ainda para a nossa alimentação, visto que contém substâncias minerais diversas. É, contudo, necessário tomá-lo com conta, peso e medida."

“A penicilina cura a humanidade, mas o vinho contribui para a sua felicidade.”
(Fleming)

1 comment:

Anonymous said...

Mas tenho pena que o Museu da Madalena a este tema dedicado...seja tão pobrezinho...e com pessoas que pouco sabem do assunto a atender quem o visita.
E os horários, mesmo no Verão??