10 April, 2006

O Mal tem-se, o Bem constrói-se


Quando somos crianças, os nossos pais inculcam nas nossas cabeças o conceito do bem, do mal, da morte, do pecado, do certo e do errado, e algumas outras formas de nos coibir a praticar o mal. O mal é algo relativo e é muito mais relativo porque tem dois sentidos de fundamental importância, isto é, do ponto de vista moral e do ponto de vista ético para com a sociedade. Objectivamente, o homem também obedece ao seu caminho de relativismo que acaba de compreender, entretanto, deve ficar claro que o bem ou o mal que se conhece no nosso planeta Terra foi criado pelo homem através do seu impulso impensado, que trás como insipiência das coisas divinas, mesmo trazendo no seu âmago algumas noções que direccionam ao progresso que, entrementes, alcançou.
Assim, uma sociedade é uma constituição de diferentes famílias que se anexam para conviverem adjacentes, criando hábitos e regras de vivência, entretanto, adquiridas. O grupo familiar mais forte dita os seus princípios. Isto surgiu porque o grupo mais forte se sentiu contundido por alguns grupos pequenos, e já com uma certa consciência do trivial assentamento de todos, criaram as leis, mas em defesa dos interesses dos poderosos, por extensão, dos mais fracos. Deste modo, apareceu a justiça, pois, o que contradizia as leis, criadas pelos mais fortes, era condenado nos seus rigores e, desta forma, o que era mau era tudo aquilo que ia de encontro aos apaniguados do poder, e o que era bom, era o que estava ao seu favor.
No mesmo sentido do bem e do mal, estava também o conceito de morte, de mal-assombrado, de tremor a Deus, de certo e de errado, e muitos outros conceitos que foram estipulados, simplesmente, para defender os direitos de quem estava no poder, e se sentia amedrontado com aqueles que não tinham os idênticos poderes sociais. A vontade de religiosidade, já estava implantada na sensibilidade das muitas pessoas que habitam este globo, devido às muitas consubstanciações pelas quais já passaram, naturalmente essas oscilações se juntavam ao princípio de afinidade com a prolificação da religião e o nascimento da sociedade formal.
Contudo, vive-se no inferno a todo o instante quando se mentaliza somente a maldade, o desamor, a iniquidade, a arrogância, o orgulho, a inveja, a ganância e uma grande sucessão de maledicência que o ser humano constrói dentro de si, nas mais desconformes situações. Quando se emite o mal, geralmente não se sentem os seus efeitos, tendo em vista que foi, ou é apenas uma emissão, mas para quem o recebe, os resultados são graves. O emitente só se sentirá, efectivamente, quando ele próprio for o órgão receptor, e nesse preciso momento ele vai compreender o quanto é nefasto emitir vibrações negativas e deletérias para com os nossos irmãos.
Em verdade vos digo que há uns dias, e após uma breve, mas concisa leitura de um certo comentário degradante sobre a minha pessoa, a minha dor começou a aumentar, o meu sofrimento alongou-se, a minha angústia tomou conta da minha mente, e nesse preciso momento julgo que iniciei a prática do conceito de inferno, e foi o próprio inferno (o mal) que se apresentou para torturar o meu ego.
O comentário daquela dita Senhora, foi, para mim, uma colossal tristeza, porque, acima de tudo, deparei que o amor não lhe tocou o coração, as boas maneiras não lhe sensibilizaram para o retorno ao caminho do bem, e conscientemente, o que lhe resta, é somente continuar, até ninguém sabe quando. Neste período de tempo, ou neste estágio, este ser humano não tem noções do bem, nem tão pouco do mal, onde a sua consciência fala muito alto, e o seu interior se agita em busca de uma paz para consigo própria.
A libertação da maldade, ou seja, o expurgo de todas as maledicências, que existe dentro dessa pessoa, constitui o progresso do seu interior, dando lugar a uma paz verdadeira, que as pessoas desinformadas trocam pela convivência com o dinheiro e com as coisas boas aos olhos dos humanos.
Creio, sinceramente, que todas as criaturas que não carregam consigo o sinal de orgulho, inveja, ganância e vaidade, já podem dizer que tiveram a digníssima oportunidade de entrar no Reino dos Céus, por muitas e muitas vezes, ou que, até mesmo, já lá vive, porque é um espírito sublimado e consegue ser irmão de todos, tanto dos da mesma categoria, como dos pequeninos sobreviventes.
Com isto, devo dizer que o bem e o mal são o estado de consciência do ser humano. São as condições em que vivem todos aqueles que compreendem, ou não, a realidade da matéria e do espírito; no céu, a bondade que está nos corações daqueles que têm sentimentos e, no inferno, estão aqueles que não se livraram da prisão da inferioridade espiritual. Nada é rejeitável, e estes conceitos servem para que, na intransigência da inferioridade humana, se possa conhecer ou temer as leis divinas, pois quando não se quer segui-las por compreensão e firmeza, as leis dos homens devem impor maneiras de reconhecê-las com eficiência. Bom seria que todos entendessem a vida pela volição de caminhar pelo caminho do bem e sempre em busca do amor e da paz, caso contrário, a dor, infelizmente, ensina como nos devemos portar a cada momento.
E que assim seja!
"Nada perturba tanto a vida humana como a ignorância do bem e do mal."
(Cícero)

1 comment:

Anonymous said...

tens toda a razão. os maus são muitos e os bons poucos.
e é muito dificil fazer alguma coisa de bom nesta terra de maus.
gosto muito do que escreves
parabens