03 April, 2006

O imortal fantasma chamado “medo”

A maioria das mulheres da nossa comunidade vive ainda refreada pela sua condição de mulher. Sob uma tristeza eterna ressoam sons nostálgicos e proféticos do fado da sua existência. A nossa sociedade é arbitrária, e até bárbara, para com as mães, filhas, mulheres e amantes. Estigmatizado pelos castradores dogmas moralistas, este ser admirável parece condenado a penitenciar por um pecado protótipo de uma Eva que nunca pecou, enquanto Adão sempre permaneceu impune. A mulher pode ter inúmeras imperfeições, contudo, no que respeita a “pecados” permanece bem aquém do homem.
Apesar do mundo ter evoluído, e muito, nos últimos anos, a mulher continua constrangida a viver uma volúpia abstrusa na desonra do medo e da ignorância de uma sociedade hipócrita e enfraquecia por estereótipos antiquados.
São imensas as mulheres que têm horror e pudor do seu corpo, tratando-o como um empecilho, quando o deveriam tratar como uma obra de arte que a natureza teve a habilidade e a amabilidade de esculpir.
Já alguma vez se questionaram porque motivo algumas mulheres, especialmente após desposarem, se vestem tão desastradamente, tão melancolicamente e sem fineza, como se fossem avós? Será por causa do imortal fantasma chamado “medo” ou será por terem receio daquilo que todos os outros pensam e dizem, ou será ainda por medo delas próprias.
A mulher não é venturosa porque não a deixam ser emancipada. Vive subjugada a prejuízos obstinadamente reincidentes, mesmo na classe mais jovem da população. Se seduz é uma desavergonhada; se ousa é uma descarada; se não é casada ou é um perigo ou é lésbica (expressão, em moda, usada para caracterizar todas as mulheres que, de algum modo, se distinguem em alguma actividade social ou económica); se triunfa na vida é porque teve relações sexuais com alguém importante; se é bonita é tratada como um artefacto de museu; se vai a um bar é assediada com piropos de rapazes imberbes; se vai a uma discoteca é aliciada com propostas obscenas de labregos que exuberam na nossa comunidade.
Em verdade vos digo que a mulher tem um sorriso harmonioso e amoroso, porém, reprimi-o prodigiosamente com o receio que este seja decifrado como símbolo de uma postura imprópria, sendo forçada a sobrecarregar um árduo fardo de incumbências e imposições que lhe martirizam a modesta vida. Enquanto jovem, é a parentela que lhe delimita a diversão. “O namoro deve ser um relacionamento circunspecto”, de preferência já a pensar no matrimónio.
E será o matrimónio a cúpula da autonomia há tanto desejada?
Puro delírio. Velozmente a mulher apercebe-se que a liberdade não passa de uma infrutífera miragem. Depois da aperreação da família passa para alvo de opressão por parte do cônjuge e, mais tarde, dos filhos, dos pais, dos sogros e o que mais houver. Do estatuto delicioso de amante ela passa, rapidamente, àquela que parece ser a sua situação genuína, “mãe” e “dona-de-casa”, mesmo apesar de laborar fora de portas como o homem. Nesta circunstância, ela vê-se remetida para uma subsistência assexuada, longe de ser uma autêntica mulher, já que uma “dona-de-casa” não tem tempo para o romance, pois o seu dia-a-dia é atestado com a polvorosa da casa, das compras e dos descendentes.
A mulher não tem espaço para ser mulher.
Caríssimas e estimadas Senhoras que tempo nos resta para pensarmos em nós, para sentirmos e partilharmos o amor que encerramos no nosso coração?
Por vezes não passamos de um corpo fatigado pelas tarefas domésticas e que carrega um espírito habitado por enigmas e tarefas triviais, sem fantasia e sem alma, mas com muita abnegação e muita benevolência.
As mulheres da nossa povoação e do nosso concelho podem não ser tão graciosas e ostentosas como as outras, todavia, são das mulheres mais compassivas, enamoradas e afectuosas que subsistem no nosso globo terrestre. De outra forma como podiam elas aguentar uma entidade tão cruel?
Na sua simplicidade e ternura, a mulher abriga uma descomunal sapiência que não figura em nenhum livro ou arquivo, mas que se sente no calor da sua presença. De uma forma comedida ela exibe o seu amor por tudo o que lhe é querido, enquanto fica à espera. À espera que um dia lhe deixem ser o que sempre sonhou: Mulher.
E que assim seja!

10 comments:

Anonymous said...

EU COMO MULHER SINTO-ME ALIADA A ESTE TEXTO COM UMA FORÇA QUE NÃO POSSO DEIXAR DE COMENTAR.
SANDRA FICO MUITO CONTENTE DE VER COMO ÉS SENSIVEL, EM ESCREVERES COMO ESCREVES, E ESTE TEXTO É PROVA DISSO. SER MULHER NESTA SOCIADADE É QUASE UMA PROESA, É DURO, É FROSTRANTE E ESGUTANTE.COMO DIZES NÃO É FACIL SER MULHER, MÃE, DONA DE CASA E SAIR TODOS OS DIAS PARA TRABALHAR E AINDA POR CIMA OUVIR TODOS OS COMENTARIOS MENOS FAVORAVEIS QUE OUVIMOS.
PARABÉNS E CONTINUA ISTOU CONTIGO

Anonymous said...

para falar sobre mulheres é preciso ser mulher e aparentemente tu não pareces ser uma de nós porque te vestes como homem e fazes coisas que só os homens fazem como ainda á umas semanas vi-te numa vinha a podar e vi-te a espalhar adubo e a andar atrás de vacas, enfim acho que agora toda a gente adora a sandra porque ela esreve umas tolices aqui.
tem juizo e deixa de escrever palhaçadas.

Anonymous said...

Trabalhar nunca foi despreso e nunca deixes de escrever tambem não ligues ao que a vigia do canto diz se calhar não é mulher suf.

Anonymous said...

Tens toda a razão...

Anonymous said...

o vigia do canto e´a pessoa mais tola e convencida que vi ate hoje á pessoas que naõ se conhecem .sandra força trabalhar naõ e defeito o que e defeito e ser ignorante.

Anonymous said...

o vigia do canto e´a pessoa mais tola e convencida que vi ate hoje á pessoas que naõ se conhecem .sandra força trabalhar naõ e defeito o que e defeito e ser ignorante.ito e ser ignorante.

Anonymous said...

Após uma longa longa ausência por motívos "técnicos", muito surpreendida fiquei com alguns comentários. É verdade que na maioria das vezes o maior problema das mulheres é falta de tempo para si mesma. Experimentem enfiar os filhos e o marido na cama, à noite e tirar uma horinha para organizar as vossas ideias, ler o jornal ou dar uma voltinha na internet. É benéfico e relaxante. Quanto à nossa forma de vestir e de agir, cada qual sabe de si. Não é por usar salto alto ou estar toda no "ponto 24" que se é mais mulher.
Hoje estamos em destaque: conseguimos ser polivalentes e multifacetadas e não deixamos de ser ternurentas e calorosas, dispostas a ouvir e a ajudar, prontas para dar o nosso máximo, capazes de ocupar qualquer cargo, outrora reservado aos homens, capazes de cavar a terra, podar a vinha, mudar um pneu ou substituir um interruptor. Estamos aqui, viemaos para marcar o nosso espaço. Cuidem-se, HOMENS!
Aliás, sabem porque é que o transplante do cérebro masculino é mais caro que o feminino?
Está menos usado!!!
(nem todas somos loiras burras...)
P.S: espero que os homens não fiquem ofendidos; nós mulheres não ficamos.
Fiquem bem.

Anonymous said...

Babixa,
É uma forma muito redutora de veres os homens...
No entanto, se não somos "iguais" em igualdade a culpa é dos "dois".
Não será?!!!

Anonymous said...

esse vegia do canto deve se ajar muito grande pa falar!!!!
ao contrário de ti, a Sandra como todas as outras mulheres trabalham pa ganhar a vida,e com honestesidade! mas o vegia do canto nem deve saber o k isso significa!!!
mas prontos devias ter vergonha de vir para aqui dizermal de tudo... mas cada um sabe de si!!!
parabens Sandra!!!
continua axim

Anonymous said...

vigia da nossa vergonha,nao sera?
pobre vigia......................