28 November, 2006

O Meu País Inventado


Está um dia bastante arrefecido, contudo, é natural pois estamos em pleno Inverno, apesar de não parecer, já que ultimamente o Sol nos tem inebriado com os seus amplos raios de transparente luminosidade.
Nestes dias de frio excessivo, sair de casa torna-se num feito atroz e numa opção deveras ousada. Pelo menos para aquelas afortunadas mulheres que, como eu, se defrontam com o término da gestação.
Sendo assim, e como sou uma pessoa de moderado, ou nulo, espírito de aventura, reservo os meus dias à lida da casa e aos livros (camaradas de longa data).
Presentemente encontro-me a descortinar “O Meu País Inventado” da brilhante escritora chilena Isabel Allende (a minha escritora preferida). No meio de incontáveis vocábulos e de inúmeras linhas, de escrita peculiar e modelar, perco-me nas minhas mais penetrantes e enérgicas imaginações.
Não seria bom se todos nós pudéssemos habitar num país inventado? Num país em que as leis e os hábitos fossem engendrados por nós, em vez de coordenarmos os nossos comportamentos conforme as leis que os outros nos impingem.
Francamente julgo que seria extraordinário.
Fantasio em um dia, quiçá não daqui a muitos anos, viver num país em que não haja qualquer espécime de distinção: social, educacional, sexual, racial, …
Venerados e perpétuos leitores podemos, fortuitamente, dizer que vivemos num país democraticamente emancipado, porém, essa tese não é de todo real, até porque actualmente não é politicamente correcto opinarmos sobre sortidos temas do nosso dia-a-dia.
Será que somos efectivamente livres para edificarmos o que queremos e bem entendemos?
Creio que não, ainda que tenhamos liberdade de pensamento – essa ninguém nos pode tirar – jamais teremos liberdade de expressão (verbal) e de acção (corporal).
Em verdade vos digo que poderia comprovar subjectivamente o que acima rabisquei, sem eufemismos, metáforas ou hipérboles, todavia, não o vou fazer porque sei que todos os meus estimados semelhantes se deparam, quotidianamente, com essa fictícia realidade efectiva a que alguns chamam de liberdade.

E que assim seja!

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