11 February, 2008

Quem espera, alcança … quando?


Claro que não seguimos à risca todos os ditados, mas quantas vezes ouvimos uma opinião acompanhada de um deles? Perdi a conta.

Não faço a mínima ideia de quantos ditados populares existem na língua portuguesa, quanto mais somando todas as culturas do mundo. O facto é que, mesmo ignorando grande parte dos ditados universais, só pelos portugueses, já podemos ter um bom entendimento dos erros humanos. Claro que não seguimos à risca todos os ditados, mas quantas vezes ouvimos uma opinião acompanhada de um deles? Perdi a conta. E os erros humanos vêm daí: é um ditado refutando o outro. Toda esta introdução para tentar compreender quando, quanto tempo e se, devemos esperar. Por algo, ou por alguém.

Alguém outrora disse que esperar é desistir. Será que quando desistimos, estamos realmente perdendo todas as esperanças? Creio que não. Afinal, não é ela a que morre por último? E já cá faltava um ditado... Quando falo de espera, refiro-me desde os quinze minutos de uma fila até os vinte anos de uma amizade. De repente quinze minutos é pouco tempo e não custa esperar, porém, quando se está quase a “esticar o pernil” com uma dor no dedo mindinho, e a curta demora só existe porque a secretária do consultório está na mexericada, ao telefone ou, simplesmente, se esqueceu de nós, a espera acaba sendo agonizante e longa demais. Tudo pode ser relativo. Como os vinte anos de amizade, que parecem dias, se não fossem as marcas do tempo, …, afinal os meus amigos mudaram tanto, quando e em verdade vos digo que, no fundo, não mudaram nada,..., eu é que não sabia ontem o que sei hoje!

Quem espera sempre alcança, dizem. Alcança resignação, desapontamento e desilusões. Tem quem espere tentando, tem quem confie na mãozinha do destino, sem saber que muitas vezes o tal aludido é maneta, e está com a outra mão ocupada. Espera pela vez, espera pela voz. Alguém que disse que vinha, e estamos até hoje à espera do tal fulano para jantar. No fundo, sabemos que já não vem, mas mesmo assim esperamos. No fundo guardamos a esperança, mesmo quando não nos apetece esperar mais. Esperar quando? E quando não o fazer? Esperar quanto tempo? Existem regras? Bom, se existem, confesso desconhecer, e desconheço também quem conheça.

“Se água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, então quer dizer que se eu tentar de todas as formas (im) possíveis, consigo o que tanto espero? E se não der certo? É culpa do ditado. Então não tento nada, e quem sabe se esperando não acabo alcançando? E se mesmo assim não funcionar? O ditado será, uma vez mais, o culpado?
Pois é, existem alturas que não adianta inventar em quem pôr a culpa, já que a espera por explicações é supérflua, e o que foi feito não tem mais volta. Aí o melhor é esperar, quem sabe se a solução das coisas não vem de joelhos, e acabamos todos por alcançar o esperado, e desistimos de esperar pelo que não está ao nosso alcance.

E que assim seja!

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