31 March, 2009

A Força e a Coragem


É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.

É preciso ter força para nos defendermos, mas é preciso coragem para baixar a guarda.

É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.

É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.

É preciso ter força para estar em forma, mas é preciso coragem para ficar de pé.

É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.

É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.

É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.

É preciso ter força para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.

É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.

É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver.



Fonte: Sílvia Schmidt

Fico na Ilha!

Foto: Sandra Amaral (Direitos Reservados)


Estou na ilha ciosa de espaço para correr e de mar para navegar...
Estou na ilha, acorrentada ao silêncio deste verde incómodo, à espera do azul de um outro olhar.
Fico na ilha, na demarcação absurda do medo e da saudade de Velhos do Restelo e de Adamastores.
Fico na ilha, porque resistir também é ficar.
Fico na ilha. À espera do barco da carreira que me leve de volta a um outro lugar.
Fico na ilha, para saber se é ficando, que se aprende a cá estar.
Fico na ilha. Hei-de apanhar um dia a baleeira em que saltaste para além do mar.
(Sou como tu, avô, uma gaivota sempre a voar.)
Fico na ilha onde fechaste os olhos na paz do teu lar.
Fico na ilha para morrer, como tu, na serenidade que tiveste ao partir para nunca mais voltar.
Fico na ilha para devolver o meu corpo à terra ou ao mar!

30 March, 2009

Admirar em Silêncio

Foto: Sandra Amaral (Direitos Reservados)
Há momentos na vida em que nos deveríamos calar e deixar que o silêncio falasse ao nosso coração, pois há sentimentos que a linguagem não expressa e há emoções que as palavras não sabem traduzir.

A Flor...

Foto: Sandra Amaral (Direitos Reservados)
A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.

A Pedra

Foto: Sandra Amaral (Direitos Reservados)


O distraído nela tropeçou...
O bruto usou-a como projéctil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já David, com ela, matou Golias.
Michael Ângelo extraiu-lhe a mais bela escultura...

E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não existe "pedra" no nosso caminho que não possa ser aproveitada para o nosso próprio crescimento.

Gotas num Oceano!

Foto: Sandra Amaral (Direitos Reservados)

"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."

(Isaac Newton)


03 March, 2009

Melhor Pesadelo Adaptado 2008

... and the Oscars go to...

As sem-razões do Amor


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabe sê-lo.
Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque te amo
bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Autor: Carlos Drummond de Andrade)

Bem-me-quer, Mal-me-quer


Hoje não houve prosa, nem versos, nem poesia,
Passou-se mais um dia como um outro qualquer.
Ouviu-se só canto da chuva que na noite fria,
Dizia-me, zombando, bem-me-quer, mal-me-quer.

Hoje nada pra brindar, nem que fosse à fantasia,
Já que tudo, uma vez mais, pareceu tão silente.
Não houveram olhares, sorrisos, nem a simpatia,
Nem os beijos que outrora haviam entre a gente.

Hoje foi mais um dia como outro dia qualquer,
Que não me inspirou versos, nem de nostalgia.
Ouvia-se apenas os, bem-me-quer, mal-me-quer,
Na voz tristonha da chuva, que na noite caía.

(Luiz Antonio Schimanski)